Projetos de software são sistemas complexos e adaptativos.
–Jurgen Appelo
O ser humano, sem sombra de dúvida, é um ser adaptativo. Ao longo do tempo, o homem vem desenvolvendo técnicas que influenciam diretamente na evolução da sociedade humana. Isso não seria possível sem uma palavra chave muito importante: inovação.
Jurgen Appelo, em seu livro Management 3.0 descreve que todo sistema complexo é composto por “agentes”. Esses agentes estão sempre se reorganizando em estruturas maiores, formando novas estruturas e criando novos comportamentos. Como exemplo de agentes em sistemas complexos temos moléculas, pássaros, servidores web.
Em projetos de software, também podemos identificar esse comportamento. E apesar de existir vários elementos nos projetos de software, como artefatos, requisitos, diagramas, processos e etc, esses elementos não são agentes do sistema. Isso ocorre porque não podem se organizar e interagir com outros elementos por si só. Jurgen Appelo diz que, na verdade, os agentes reais, em projetos de software, são as pessoas.
E assim como muitos agentes de sistemas complexos precisam de energia para criar a organização e a interação, as pessoas também precisam. Essa é a primeira visão do modelo de gestão 3.0: energizar pessoas.
Reducionismo
Reducionismo significa quebrar qualquer coisa que esteja sendo examinada, em partes menores. Esse sistema propõem que, se examinarmos as partes, vamos entender como o todo funciona. No entanto, depois de muitas décadas de estudo, está comprovado que isto nem sempre funciona. Por exemplo, economistas ainda não conseguem prever uma crise. Apesar de várias técnicas e modelos de desenvolvimento, projetos de software ainda apresentam resultados imprevisíveis.
Holismo
Holismo é o oposto ao reducionismo e ao pensamento cartesiano. Esse modelo prega que comportamentos de sistemas complexos não podem ser determinados pela soma de suas partes. É preciso olhar para o todo, para entender seu comportamento. Aristóteles definiu esse modelo em sua afirmação: \\\”o todo é maior que a simples soma de suas partes\\\”.
Organismos, a consciência humana, economia, clima e projetos de software se comportam de maneira que não podem ser previstos desconstruindo-os e estudando suas partes.
Caos
Coisas simples podem gerar resultados complexos que não poderiam ser previstos analisando somente as partes do sistema. Um exemplo disso acontece em um turbilhão de pássaros. O que parece ser um comportamento caótico, na verdade possui uma ordem. Acontece que cada ave mantêm uma certa distância de seu vizinho mais próximo. Esse comportamento é individual. Não existe uma ave gerenciando tudo. Regras simples geram comportamentos complexos. Podemos notar esse padrão nos cardumes, nas colmeias, nos formigueiros e até mesmo no corpo humano.
Inovação
Sistemas Complexos e Adaptativos podem mudar sua aptidão e seu ambiente de aprendizagem. Sistemas vivos são exemplos de sistemas adaptativos. Uma condição básica para sistemas vivos é que eles são dissipativos, ou seja, liberam energia.
Pesquisadores descobriram que sistemas complexos adaptativos buscam ativamente uma posição entre ordem e caos, porque a inovação e a adaptação são maximizados quando os sistemas estão \\\”à beira do caos”. No entanto, se há ordem demais tudo se torna o mesmo e não há espaço para a criatividade e inovação. Se existe muito caos, o sistema pode vir a se destruir. Entre a ordem e o caos existe um ponto chamado deEdge of Chaos, onde as propriedades para criatividade e inovação podem emergir.
Jurgen Appelo diz que a inovação é um fenômeno bottom-up. Quando a inovação vem de cima, de uma gestão superior, ela está fadada ao fracasso, pois essa abordagem assume uma visão determinista de se tentar assumir o controle do que vai ocorrer no futuro. A abordagem de sistemas complexos diz que a inovação não é um resultado planejado, mas um resultado emergente.
Conclusão
Stephen Hawking já disse que a ciência do século 21 será a ciência da complexidade. Compreender a teoria de sistemas complexos vem se tornando essencial para que possamos entender, não somente a natureza, mas também a natureza humana. Esse é um passo importante para que possamos começar a compreender a importância das pessoas, principalmente em organizações, onde os reais agentes do sistema acabam ficando em segundo plano.
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