Hackers invadem o Congresso Nacional!!!
Com o objetivo de democratizar o acesso a informações sobre as políticas de governo e a atuação dos parlamentares, a Câmara dos Deputados promoveu nesta última semana de outubro seu primeiro Hackathon.
Tendo como insumo uma grande gama de dados brutos disponibilizados no portal Dados Abertos, nerds de várias partes do país atenderam ao edital da Maratona Hacker promovida pelo legislativo federal e submeteram propostas de aplicações das mais interessantes. Durante quatro dias, cerca de cinquenta pessoas estiveram na capital federal, com despesas de hospedagem e alimentação pagas pela organização do evento, desfrutando de boa infraestrutura para codificar suas boas ideias e tirá-las papel.
De coisas tão diversas quanto o cruzamento de gastos parlamentares com o cadastro de empresas inidôneas da Receita Federal à análise léxica dos discursos que os deputados proferem versus aquilo em que eles efetivamente votam, muita informação útil pôde ser gerada.
Ó Pará! Quanto orgulha ser filho!
Como não poderia deixa de ser, vários paraenses estiveram lá marcando presença. Só de Belém saíram dois dos vinte e seis projetos aceitos.
* IMMI – Isto Muito Me Interessa
Segundo a Constituição Federal, qualquer cidadão pode elaborar um projeto de lei. No entanto, para chegar a ser aceito e tramitar na Câmara dos Deputados, um proposta deveria ter pelo menos, em números de hoje, cerca de um milhão de quatrocentas mil assinaturas. Isso, na prática, dificulta em muito o exercício da democracia direta.
Isso foi um dos pontos que motivou os programadores Aldrin Leal, Marcelo Andrade e Leonardo Dias a propor uma plataforma online (chamada IMMI) para facilitar a coleta e validação de assinaturas eletrônicas, por meio de certificação digital com e-CPF e assim incentivar a proposição de leis de iniciativa popular, abaixo-assinados eletrônicos, contratos ou mesmo propostas de criação de partidos políticos.
Para mais informações, acesse o site www.immi-br.org
* Olho na Câmara dos Deputados
Já os programadores José Yoshihiro e Raimundo Lameira estavam inconformados com a máxima de que o brasileiro não sabe votar. Para eles, isso talvez se dê não pela falta de informação — já que, de fato, há muita informação disponível sobre a atuação do governo e dos parlamentares — mas sim pela dificuldade no acesso à informação que muitas vezes não é simples ou fácil.
Pensando em resolver isto, eles propuseram um software, uma espécie de robô automatizado, que colete informações desejadas sobre a atuação de determinado político e publique-as diretamente nas redes sociais, de acordo com as preferências do usuário.
Para mais informações, acesse o site www.olhonacamara.com.br
Hackers do Brasil, uní-vos!
O evento durou quatro dias, contando com uma ótima infraestrutura de rede montada na chapelaria da Câmara e apoio dos membros da área técnica e especialistas no \\\”negócio\\\” (processo legislativo).
Além de se respirar tecnologia, o evento como um todo foi muito colaborativo. Uma verdadeira \\\”coopetição\\\”. Dava para interagir e conversar numa boa com os demais colegas competidores e tentar contribuir, entender ou apenas trocar ideias sobre projetos.
O ponto alto foi a presença do presidente do Congresso Nacional, deputado Henrique Eduardo Alves que, reconhecendo a importância do evento, se comprometeu com a disponibilização de um espaço e infraestrutura permanente para realização frequente de hackerspaces dentro do próprio prédio da Câmara. \\\\o/
O resultado da maratona, com os projetos vencedores do prêmio de R$5.000,00 e que ficaram hospedados em definitivo no site da Câmara dos Deputados sai no próximo dia 18 de novembro.
A imprensa esteve presente e não é difícil, por exemplo, encontrar informações sobre o evento na mídia tradicional.
Para encerrar, uma das frases que ouvi de um dos Hackathonistas e que acho que melhor define o que foi o evento:
\\\”Viemos aqui não para desenvolver aplicativos, como algumas pessoas chegam a falar. Nós viemos aqui para fazer cidadania!\\\”
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